sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Agroindustrialização fomenta produção leiteira no noroeste colonial riograndense



Publicado dia 25/09/2015
Foto: Ascom/Incra/RS
“Sempre tivemos como propósito não produzir matéria-prima para as grandes empresas”. Com esse objetivo a família de Marleise e Edemir Valsoler investem na estruturação e autonomia do seu lote, no assentamento Simon Bolívar, em Jóia (RS), no noroeste colonial do Rio Grande do Sul, e microrregião de Cruz Alta. A fim de agregar valor à atividade leiteira, eles processam toda a produção na agroindústria construída com recursos próprios e em três anos já estão ampliando o empreendimento. 

No início, a família entregava o leite para uma cooperativa da região e com o excedente produzia, de forma doméstica, duas peças de queijo por dia. “Quando fazíamos de forma artesanal, vendíamos 10 a 12 quilos por semana e fomos criando uma clientela”, lembra Marleise, que aprendeu a processar o queijo com a mãe e fez cursos de aperfeiçoamento depois de assentada.

A agroindustrialização sempre fez parte dos planos do casal. Valsoler ouviu no rádio o anúncio de uma empresa de equipamentos para pequenos laticínios e decidiu investir em um negócio próprio, a fim de buscar independência financeira e produtiva.
Ele, então estudou a viabilidade de mercado, fazendo pesquisa entre as escolas do município para apurar a necessidade de leite, bebida láctea e queijo e ainda visitou clientes potenciais e estabelecimentos comerciais.

Entre 2009 e 2010, a produção não passava de 50 ou 60 litros de leite por dia. Para obter financiamento bancário para adquirir os equipamentos, a família se comprometeu a fabricar 180 quilos de queijo por mês e planejou comprar parte da matéria-prima de agricultores das proximidades. O subsídio de R$ 53 mil – obtido pela linha de crédito Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), destinada à agricultura familiar – possibilitou a aquisição de câmara fria, pasteurizador, prensa, mesa, embaladora manual, tanques de aquecimento e resfriamento e formas. Valsoler reformou o porão da casa e instalou a pequena agroindústria, cujas atividades iniciaram em setembro de 2012.

Produtividade – A Agroindústria Familiar Camponês processa atualmente 500 litros de leite por dia. O principal derivado é o queijo colonial (1,5 mil quilos por mês), diferenciado em três tipos: tradicional, temperado com orégano e salame e temperado no vinho. O preço é R$ 20, 25 e 30 o quilo, respectivamente.

São produzidos, ainda, leite pasteurizado (700 litros mensais), bebida láctea (500 litros) e doce de leite (50 quilos). Os produtos são comercializados de casa em casa, em pontos de venda e feiras na cidade e em eventos regionais. A família também participa dos programas de compras governamentais do governo federal,  Alimentação Escolar (PNAE) e Aquisição de Alimentos (PAA).

Também com investimentos próprios, a família está expandindo a agroindústria e, até o próximo ano, deve inaugurar uma nova instalação, com capacidade para processar, diariamente, 2 mil litros de leite.

Impactos na vizinhança – Desde o início a agroindústria absorve toda a produção leiteira mantida pela família. Em três anos de funcionamento, ela ultrapassou o processamento de 70 a 80 litros para 170 a 180 litros diários. Valsoler compra mais 350 litros de leite por dia de três vizinhos (agricultores familiares e assentados). “Não abro mão do domínio da cadeia produtiva e do processo de industrialização. Mais que um fornecedor, busco parceiros de fato, que tenham qualidade e comprometimento”, enfatiza.

Para tanto, ele valoriza os produtores, pagando valores acima dos praticados pelas empresas de laticínios. “É preciso pensar a pequena agroindústria com o diferencial da qualidade. Por isso, é fundamental termos o apoio da assistência técnica, das universidades e dos órgãos de pesquisa para nos desenvolver”, afirma Valsoler.

A família se orgulha do reconhecimento de seu trabalho. Além do casal, ajudam no lote o filho e os pais de Valsoler (que vivem com ele). “Mais gratificante que o dinheiro é quando vamos às feiras e as pessoas elogiam o filho ajudando os pais. Ou os clientes voltam porque compraram no ano passado”, conta Marleise. 

Imprensa - Incra/RS
51 3284 3309

Nenhum comentário:

Postar um comentário