quinta-feira, 24 de setembro de 2015

PRIMAVERA COM EL NIÑO DEVE REDUZIR VOLUME DE CHUVAS NOS PRÓXIMOS MESES EM REGIÕES CAFEEIRAS



Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro
(Viçosa 22.09.15) Nesta quarta-feira tem início a primavera. Exatamente às 05 h e 20 minutos do dia 23 de setembro ocorrerá o Equinócio de Primavera do Hemisfério Sul. O termo equinócio é derivado do latim (aequinoctium) e significa "noites iguais", ou seja, a data em que o número de horas do dia é o mesmo que o da noite. Apesar de ser apenas uma data associada a um fenômeno astronômico os equinócios, cujas datas normalmente variam a cada ano, são importantes para diferentes áreas das atividades humanas.
A primavera desse ano será marcada pela presença do fenômeno El Niño (que é o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico Tropical) que desde as últimas semanas de agosto até a presente data tem se apresentado como um fenômeno de forte intensidade, devido à redução da intensidade dos ventos alísios e o aumento na intensidade das chuvas na parte central da porção leste da faixa tropical do oceano pacífico. Atualmente,todos os modelos climáticos sugerem em consenso que o atual fenômeno deve continuar na primavera que se inicia essa semana podendo permanecer até mesmo durante todo o próximo verão de 2016. Esse fenômeno começou considerado como “fraco” no final de fevereiro desse ano, sendo que passou a “moderado” em meados de maio e desde o final de julho tem sido considerado como um fenômeno de forte intensidade. Em agosto as anomalias positivas na temperatura da superfície do pacífico chegaram a 2 ºC, ou seja, temperaturas acima do normal, sendo que entre junho a agosto essa anomalia tinha sido de 1,6 ºC. De modo resumido, esse fenômeno normalmente provoca aumento das chuvas no extremo sul do país e seca para a região nordeste do Brasil.
Chuvas no mês de setembro
Em setembro os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina deverão apresentar chuvas acima da média do período, com exceção da região de Vacaria (RS) e Campos de Lages (SC) e demais municípios do seu entorno que poderão apresentar chuvas pouco acima ou dentro da média do período. No Paraná também é esperado que as chuvas ocorram acima da média do período no mês de setembro, com exceção das mesorregiões do Norte Pioneiro, Centro Oriental e Metropolitana de Curitiba onde é esperado chuvas dentro da média normal do período. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais é esperado que as chuvas ocorram abaixo da média normal do período, principalmente na região noroeste do Estado de Minas Gerais e no extremo oeste Baiano.
Chuvas no mês de outubro
Nesse mês é esperado que somente o Estado do Rio Grande do Sul, a região serrana de Santa Catarina e o oeste Paranaense apresentem chuvas acima da média do período. As regiões onde as chuvas são esperadas abaixo da média do período são: Em São Paulo, o Vale do Paraíba Paulista, Campinas e Ribeirão Preto. Os Estados de Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e toda a região do Nordeste Brasileiro, sendo que em Minas a maior redução pode ocorrer no Vale do Jequitinhonha e no Norte de Minas e na Bahia, no Centro Sul Baiano e no Extremo Oeste Baiano. No Nordeste, as regiões que devem ser mais afetadas são o sudeste Piauiense e o Leste Maranhense.
Temperatura nos próximos meses
Existe probabilidade de 70% de que as temperaturas fiquem acima da média normal do período durante a estação da primavera em todo o país, com exceção da região sudoeste do Rio Grande do Sul. Altas temperaturas no período da primavera são indícios de ocorrência de chuvas fortes em formas de pancada, mais comuns no período do verão.
Café
As chuvas das últimas semanas estimularam as atuais floradas. Para ocorrer o bom pegamento dos chumbinhos há necessidade de mais umidade disponível para as plantas nas próximas semanas, sendo que na ausência de chuvas o produtor que dispuser de sistema de irrigação deverá irrigar para assegurar o pegamento dos chumbinhos.
A possibilidade de ocorrência de chuvas abaixo da média pode reduzir o volume de água no solo, principalmente nas regiões onde o volume anual é inferior a 1.200 mm por ano. A planta exposta a alta temperatura e menor disponibilidade de água no início da fase reprodutiva (efeito decorrente do atual El Niño) pode afetar o pegamento dos chumbinhos o que pode comprometer a próxima safra.
O produtor deve estar atento para as atuais condições climáticas as quais podem favorecer a ferrugem tardia em lavouras com alta carga pendente, ataque de phoma em regiões mais elevadas e frias, infestação de ácaro e de bicho mineiro em regiões mais secas, devendo-se fazer o monitoramento da ocorrência dessas pragas e doenças e, quando necessário, efetuar o controle.
A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foi elaborada com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE. Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.
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