Publicado dia 30/09/2015
Crédito: Ascom Incra/Marabá
A água é um dos bens naturais mais importantes ao ser humano. Com essa preocupação, assentados dos Projetos de Assentamento Belo Horizonte I, Belo Horizonte II, Beth, Castanhal Almescão, Croá, Oito Barracas, Paulo Fonteles, 21 de Abril, Castanhal Araras, Pedra de Amolar, Prata e Ubá incluíram em suas demandas, no planejamento de Assistência Técnica realizado no início deste ano, uma análise da água dos rios Tauarizinho e o Ubá, que banham estes projetos nos municípios de São Domingos do Araguaia e São João do Araguaia, respectivamente.
Com o apoio da prestadora de assistência técnica, Agroatins, contratada pelo Incra do Sul do Pará, a proposta foi discutida em conjunto com as comunidades dos assentamentos, levando em consideração as características relativas aos usos da água, a disposição de potenciais fontes contaminantes dos cursos hídricos e os ambientes com elevado nível de alteração da paisagem.
O objetivo geral foi avaliar o impacto ambiental causado pelas atividades agropecuárias e sociais sobre a qualidade das águas dos Rios Tauarizinho e Ubá, através de parâmetros biológicos, físicos e químicos, principalmente, no que concerne a alteração da qualidade da água por uso de agrotóxicos e despejo inadequado de águas residuais nos corpos hídricos com base em parâmetros apresentados na resolução CONAMA nº 357/05, com intuito de orientar o assentado a utilizar de forma sustentável, múltipla e racional a água desses rios.
Os pontos de amostras foram selecionados de acordo com os trechos dos rios pertencentes aos projetos de assentamentos, e onde foram observadas algumas características de degradação ambiental nesses mananciais, decorrentes das atividades desenvolvidas pelos assentados. Após a coleta e análise das amostras, em junho passado, os resultados foram apresentados aos beneficiários através de reuniões nos próprios assentamentos, com intuito de esclarecer os diferentes índices de qualidade e motivá-los a participar do Seminário de Águas.
No rio Ubá, dois pontos de coleta do parâmetro de coliformes fecais apresentaram valores acima do limite permissível, sendo que 33% das amostras eram impróprias. Já no rio Tauarizinho foram três pontos, com 50% das amostras impróprias.
Segundo a técnica em Meio Ambiente da Agroatins, Raiza Ticiane, depois que saíram os resultados, foram realizadas reuniões em São Domingos e São João, entre os meses de julho e agosto. “Nessas reuniões foram mostrados só os resultados dos coliformes fecais, e colocamos em prática como seria o uso e manejo da água para não contrair as doenças e depois foram feitos dois seminários. Alguns assentados não sabiam que se o gado beber uma água que não é de boa qualidade, o leite também não vai sair de boa qualidade”.
Ela falou ainda sobre interesse dos agricultores após os encontros. “Nas reuniões observamos que os assentados se interessaram pelo tema e dessa forma internalizaram valores e práticas que visam o bem estar e o cuidado com a saúde e o meio ambiente, demonstrando que se importam com a região que os circunda e que estão abertos a apoiar ações que visem reduzir a exposição das famílias aos fatores de risco que podem estar submetidos, em especial à ingestão de coliformes fecais como vetor de diversas enfermidades transmitidas pela água, tais como: giardíase, amebíase, Escherichia Coli, cólera, febre tifoide, hepatite A, esquistossomose, ascaridíase, teníase ou cisticercose e oxiurose”.
Preocupação com as crianças
Para a engenheira ambiental da Agroatins Marta Souza, o projeto de avaliação da qualidade da água mostrou a preocupação dos assentados com a saúde dos filhos. “Eu fui num lote em que o agricultor falou ‘eu não me importo mais comigo não, eu não sou criança, meu organismo já está acostumado com essa água, fui criado nesse rio Ubá’, e eles não ligam. Eles ligam para os filhos deles que são pequenos, têm todo o cuidado de ferver a água, muitos vão lá na cidade comprar água mineral, só para dar para os filhos, mesmo sem ter condições financeira. Eles dão um jeito para dar essa água boa e de qualidade para os filhos. E quando eles viram essas doenças que podem causar tudo isso e pode causar até a morte, eles ficaram muito preocupados e, a partir daí, eles vieram para o seminário, para saber mais”.
Conscientização
Na última sexta-feira (25), aconteceu o Seminário sobre a Qualidade da Água nos Projetos de Assentamento de São João do Araguaia. Durante o evento, o tema da água foi apresentado por meio de palestras sobre os Parâmetros de Qualidade da Água (resultados das análises); Tratamentos de Água, Esgotos e Resíduos Sólidos (com soluções financeiramente viáveis) e Doenças Causadas pela Água Contaminada. O seminário no município de São Domingos do Araguaia ocorreu dia 21 de agosto.
De acordo com o tesoureiro da associação do assentamento Castanhal Araras, Raimundo Barbosa, o interesse no projeto foi da comunidade, “porque quem provocou a prestadora a acionar o Incra foi a gente. Pelo que a gente estava vendo, muita gente doente, e a gente viu que tinha que fazer alguma coisa, a associação, os assentados. Então, foi feito essa análise e é muito bom para a nossa saúde e pra gente começar a conhecer o que a gente tá bebendo de água nessa região”. Barbosa vive no Araras há 28 anos.
Para o presidente da Associação do assentamento 21 de Abril, Raimundo Pereira Santana, o seminário trouxe a consciência sobre qualidade da água e ligação desta com a saúde do assentado. “Pra mim, [o seminário] teve grande importância, porque muitas coisas que nós não tínhamos conhecimento, hoje nós passamos a ter conhecimento. As pessoas até estavam falando ‘eu sei disso e disso, porque já aconteceu isso e isso, então nós temos que conhecer mesmo. Porque a gente não sabia que era a partir da água. Nós achávamos que nós estávamos aqui na roça e a nossa água era boa, agora a gente sabe que não é tão boa assim como a gente pensava”.
Segundo Raiza, após as reuniões e os seminários, os assentados questionaram os municípios sobre os planos de desenvolvimento dos mesmos para saneamento básico, coleta de resíduos, aterro sanitário e meio ambiente, pois efetivamente não tinham ciência dos programas municipais ou da inexistência destes. Um dos apontamentos tirados nos seminários é apresentar uma proposta de saneamento à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), através do Programa Nacional de Saneamento Rural que prevê um conjunto de estratégias que garantam o financiamento, a sustentabilidade e a participação social.
O Incra do Sul do Pará tem contrato com 14 prestadoras de assistência técnica e atende cerca de 43 mil famílias em todo o Sul e Sudeste do Estado.
Ascom/Sul do Pará
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94 3324 2713
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