terça-feira, 1 de setembro de 2015

"Setembro Negro" do jornalismo é tão antigo quanto o oligopólio da Comunicação

Da Redação

"Setembro Negro". Mas poderia ser chamado agosto, julho, junho, maio.... Todos os meses deste ano foram atingidos por demissão de jornalistas de empresas que compõem a chamada Velha Mídia: sites nacionais e estrangeiros, impressos dos grupos tradicionais, TVs, revistas, editoras.... A lógica do mercado que expurga profissionais, porém, não obedece exatamente a lógica da indústria de automóveis, metalúrgicas ou outros segmentos de trabalhadores que demitem para evitar prejuízo. No jornalismo a lógica é a da preservação do lucro. A qualquer custo.

As empresas que mais demitem são também as que mais arrecadam em publicidade - privada e oficial(leia aqui). Reportagem publicada neste primeiro dia do Setembro Negro na revista Meio & Mensagem revela que o "setor de mídia brasileiro é o 8º mais representativo em um ranking de 13 setores liderado por indústria, bancos e alimentos". O balanço é divulgado anualmente pela revista Forbes.

A reportagem revela que os responsáveis pelo escurecimento dos meses dos jornalistas de todo o país (são mais de 3 mil os demitidos nos últimos dois anos) são também os que mais arrecadam. Crise? Que crise? Foram R$ 16 bilhões em publicidade oficial, apenas do governo federal, desde que Lula assumiu a Presidência da República em 2003. Seu antecessor, Fernando Henrique, não teve um papel diferente. Milhões de reais em valores que, se reajustados, fariam corar os mais escandalizados com o escândalo da Lava-jato.

Ao mesmo tempo, nenhum projeto ou alternativa foi criada para ampliar o setor fosse como mercado de trabalho ou na pluralidade do conteúdo de informação. As iniciativas que existem neste sentido decorrem de ações isoladas, corajosas, hercúleas até de alguns abnegados da profissão. Os quais pouco contam com o apoio dos próprios pares.

O "Setembro Negro" brasileiro, portanto, nos remete há muitos e muitos setembros . O país carece, na sua história, de democracia na Comunicação. A distribuição mínima dos recursos já existentes, e que são canalizados em dutos generosos, para os mesmos empresários, seria a oxigenação de uma atividade imprescindível, mas que querem deixar à beira do abismo. Num modelo onde troca-se a competência pela possibilidade e o conhecimento pelo Google. 

Veja os representantes da mídia entre os bilionários brasileiros. E lembre que este patrimônio é assegurado pelo lucro que os jornalistas e outros profissionais das empresas dão em forma de tempo e dedicação. E, em alguns casos, os profissionais são substituídos antes de completar 60 anos (osnúmeros foram divulgados pelo site >Meio & Mensagem):


João Roberto Marinho
Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

José Roberto Marinho
Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

Roberto Irineu Marinho
Patrimônio: R$ 23,80 bilhões

Empresa: Organizações Globo
5º posição no ranking geral do Brasil

2º Edir Macedo
Patrimônio: R$ 3,02 bilhões

Empresa: Rede Record
74º posição no ranking geral do Brasil

3º Giancarlo Civita
Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Roberta Anamaria Civita
Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Victor Civita Neto
Patrimônio: R$ 2,18 bilhões

Empresa: Grupo Abril
88º posição no ranking geral do Brasil

4º Silvio Santos
Patrimônio: R$ 2,01 bilhões

Empresa: SBT
100º posição no ranking geral do Brasil


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