Publicado dia 18/09/2015
As entidades contratadas pelo Incra para prestar Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) nos assentamentos da reforma agrária na Paraíba vão acompanhar o trabalho dos assentados que atuam como guardiões das sementes crioulas ou, como também são conhecidas, “sementes da paixão”, que são variedades locais cultivadas há gerações pelos agricultores familiares.
Com a coordenação do Instituto de Assessoria à Cidadania e ao Desenvolvimento Local Sustentável (IDS) – entidade contratada pelo Incra/PB para articulação de ações de assistência técnica –, os técnicos das entidades de ATER vão participar de oficinas de sensibilização e orientação para a formação de novos bancos de sementes nos assentamentos paraibanos onde ainda não existe a tradição de guardar sementes crioulas. Outro objetivo é fortalecer a parceria com a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA/PB) e toda a rede estadual de sementes através de intercâmbios.
Caberá às entidades de ATER que atuam na Paraíba, segundo o agrônomo e articulador do IDS, Walter Vasconcelos, identificar e catalogar os bancos de sementes existentes, acompanhar o estoque delas e o trabalho desenvolvido pelos agricultores que atuam como guardiões dessas reservas comunitárias. Segundo ele, a ideia é promover intercâmbios entre assentados das diversas regiões do estado e estimular as trocas de sementes de modo a ampliar a rede estadual de bancos de sementes.
Jornada agroecológica
O IDS iniciou o trabalho de fortalecimento dos bancos de sementes no final de 2014, quando realizou uma “jornada agroecológica” para mapear os guardiões e bancos de sementes, bem como outras experiências agroecológicas e os recursos hídricos existentes nos assentamentos da reforma agrária na Paraíba. O trabalho foi desenvolvido por Vasconcelos e por outros dois articuladores do IDS - a bióloga Cláudia Reis e o zootecnista Sérgio Alves. Eles visitaram todos os territórios atendidos pelas entidades de ATER e iniciaram a sistematização dos dados sobre os bancos de sementes da paixão.
Os primeiros resultados apresentados pelo IDS revelaram a existência de pelo menos 14 bancos de sementes em assentamentos paraibanos, com destaque para as regiões paraibanas da Zona da Mata Sul, que concentra 43% dos guardiões de sementes, e da Borborema, onde estão 40% dos assentados responsáveis pela manutenção dos bancos.
Estes dados começaram a ser apresentados aos técnicos das entidades de ATER em junho, quando o IDS iniciou a chamada “Jornada de Devolução” sobre as sementes crioulas. De posse dos dados iniciais, as entidades de ATER serão responsáveis pela complementação e atualização das informações. A intenção, de acordo com Vasconcelos, é que, com dados qualificados sobre a conservação das sementes crioulas, as famílias assentadas possam ser inseridas, em 2016, em um projeto do Governo da Paraíba para fortalecimento de bancos comunitários.
Desde junho, técnicos das entidades de ATER que atuam em seis dos 11 territórios em que foram divididos os assentamentos paraibanos já participaram de encontros da “Jornada de Devolução” sobre os bancos de sementes promovida pelo IDS. As equipes dos demais territórios devem ser visitadas até novembro de 2015. Os últimos dois encontros aconteceram nos dias 15 e 16 de setembro no Mosteiro de São Bento, em João Pessoa, reunindo, respectivamente, técnicos da Cooperativa da Agricultura e Serviços Técnicos do Litoral Sul Paraibano (Coasp) que atuam nas regiões do Vale do Paraíba e Zona da Mata Sul, e também servidores da Divisão de Desenvolvimento de Assentamentos da Superintendência Regional do Incra na Paraíba.
Conceito ampliado
Vasconcelos explicou que, atualmente, além de centenas de variedades de milho, feijão, feijão, fava, mandioca, amendoim, coentro, abóbora/jerimum, fruteiras e plantas forrageiras, também são tidas como “sementes da paixão” espécies vegetais nativas não destinadas à alimentação e animais criados pelas famílias agricultoras, como galinhas de capoeira (caipira).
Assessoria de Comunicação Social do Incra/PB
(83) 3049-9259
http://www.incra.gov.br/pb
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