segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Por que Globo, Band, Folha, Época, O Globo e G1 ignoram o Rio Grande do Sul?


Por Rogério Imbuzeiro
Desinformação ou escolha editorial?
Desinformação ou escolha editorial?
Na última quarta-feira, o Brasil viveu um momento único - intenso e polêmico. Centenas de gaúchos ilustres receberam de braços abertos, em sua terra, uma equipe de pesquisadores que pode ter descoberto "a cura do câncer", como se tem dito há mais de dois meses. 

Diante da insensibilidade e inoperância do governo federal em relação ao composto químico que já começa a ficar famoso no exterior, autoridades do Rio Grande do Sul prestaram homenagem aos descobridores da Fosfoetanolamina Sintética e manifestaram a intenção de fazer, lá, os testes necessários para comprovar oficialmente a eficácia do medicamento, além de dar início à produção em massa dos comprimidos em caráter emergencial, para atender à procura de milhares de pacientes. 

Todos os veículos de comunicação citados no título publicaram reportagens sobre a Fosfoetanolamina às vésperas ou depois de quarta-feira, mas nenhum deles mencionou o encontro realizado no Rio Grande, em momento algum. Por quê? 

Leia a reportagem e veja a carta aberta que o deputado gaúcho Marlon Santos postou em sua página no Facebook neste domingo, endereçada "À Rede Globo e a Toda a Imprensa Sensata do País".


O encontro de Porto Alegre não foi realizado em uma praça ou no espaço de convenções de algum hotel - foi na Assembleia Legislativa do estado, onde mais de 500 pessoas aplaudiram e cumprimentaram os pesquisadores homenageados.

Registro da solenidade de quarta-feira publicado nas redes sociais
Registro da solenidade de quarta-feira publicado nas redes sociais  
E não foi algo improvisado. O deputado Marlon Santos (PDT) negociou durante semanas com o presidente da Assembleia, com líderes de partidos e com a primeira-dama do Rio Grande, Maria Helena Sartori, mulher do governador José Ivo Sartori (PMDB), que manifestaram seu apoio à causa em vídeos gravados e publicados por Marlon.

O parlamentar, simultaneamente, conversou com representantes da Vigilância Sanitária do RS e de laboratórios farmacêuticos, que também estariam dispostos a apoiar a realização dos testes com o remédio, além da produção de comprimidos.

O início desses trabalhos talvez não saia tão rápido quanto se gostaria - veja: Deputado Marlon Santos faz apelo veemente a Dilma, mídia e pacientes com câncer - vídeo

Mas nesta reportagem o objetivo é questionar por que veículos de comunicação tradicionais e bem estruturados não mencionaram em suas reportagens sobre a Fosfoetanolamina - seja em telejornais, seja na mídia impressa - os acontecimentos marcantes ocorridos no Rio Grande do Sul. 

Será que acharam aquilo tudo um fato banal, indigno de uma frase ou imagem? O que houve?

Desinformação? Para estar em sintonia com o desconhecimento de causa também demonstrado por autoridades de diferentes esferas? Leia: O que diz o Ministério da Saúde sobre o que acontece em São Carlos e Porto Alegre - vídeos

Dennis Cincinatus e sua mãe, Alcilena (O Globo)
Dennis Cincinatus e sua mãe, Alcilena (O Globo)  















O jornal O Globo, por exemplo, publicou pelo menos duas reportagens sobre o assunto. Numa delas, entrevistou o advogado Dennis Cincinatus, que tem mãe e cunhado com câncer. Ele foi o responsável pelo STF ter dado a liminar contra a decisão do desembargador José Renato Nalini, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, que havia determinado a suspensão da entrega de comprimidos pela USP de São Carlos. 

Veja também: A diferença gritante entre as reportagens de Domingo Espetacular e Fantástico sobre a Fosfoetanolamina

Na reportagem com Dennis e Dona Alcilena Cincinatus, a manchete foi "Remédio sem comprovação", com o subtítulo "Cientistas criticam decisão da justiça de autorizar distribuição de droga não testada em humanos". É uma reportagem de página inteira, publicada na sexta-feira (16 de outubro), dois dias depois do encontro no Sul. Mas não foi feita uma menção sequer ao que aconteceu no Rio Grande.

Leia também: A vitória da família Cincinatus, símbolo da luta pelo uso da Fosfoetanolamina - ouça entrevista // Dona Alcilena Cincinatus levantou-se da cama depois de usar apenas três dias a Fosfoetanolamina

Numa outra reportagem, que saiu no Globo Online, a pegada também foi negativa:


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A Folha online não fez diferente na reportagem que publicou na quinta-feira, 15 de outubro:


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Em sua página na Internet, a revista Época também se interessou pelo tema. Mas pelo título e subtítulo já dava para perceber que o caminho escolhido não havia sido o mais acertado:


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Chama a atenção que na maioria das reportagens os jornalistas não se deram ao trabalho de tentar gravar com pacientes que usaram os comprimidos e obtiveram melhoras significativas, ou até mesmo "a cura", como afirmam alguns. São muitas dezenas de testemunhos acessíveis que poderiam ter tornado as reportagens mais completas e humanas, menos burocráticas e céticas de antemão.

Quando a USP publicou em seu site, na terça-feira, o desastroso Comunicado sobre a Fosfoetanolamina Sintética, o G1 botou a seguinte manchete em sua primeira página:

















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Ao clicarmos para ler, vimos que o portal pegou carona no texto da USP e publicou uma "reportagem" em que praticamente reproduziu o que estava no Comunicado.


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Veja também: Vídeo: "A Nota Fúnebre e Equivocada da USP sobre a Fosfoetanolamina"

Já o Estadão, na semana anterior, havia optado por fazer somente um pequeno registro, que até pareceu simpático à Fosfo, pelo menos em comparação com o que foi publicado pelos concorrentes.


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Algo que exige menção foi o que observamos quanto à edição online do jornal gaúcho Zero Hora, com sede em Porto Alegre. No fim da tarde e início da noite de quarta-feira, enquanto a Assembleia Legislativa do estado era palco de um evento de grande significado, sob vários aspectos, não havia notícia alguma no site, que destacava em sua manchete um problema de trânsito provocado pela chuva.

E até hoje, domingo, se procurarmos nos sites de busca na Internet, não encontramos uma única página em que apareçam juntos a Fosfoetanolamina e o Zero Hora. Um descaso tão absurdo, tratando-se do principal jornal da cidade onde tudo aconteceu, que pode muito bem alimentar teorias conspiratórias, inclusive já citadas por muitos nas últimas semanas. 

As reportagens de TV exibidas nos últimos dias serviram ao menos para que um número muito grande de brasileiros tomasse ciência do que se passa: 

Bom Dia Brasil (TV Globo)



Jornal da Band



Veja abaixo a carta aberta que o deputado Marlon Santos enviou para a mídia e seus profissionais:




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